quarta-feira, 16 de julho de 2014
Tribunais secretos, prisões, agressões, ameaças, cárcere privado: Um Brasil sem direitos
Nas últimas semanas, enquanto a TV tentava distrair as massas com o circo da Copa, o gerenciamento Dilma aprofundava o estado de exceção que vem sendo rapidamente instalado no país desde junho do ano passado. No Rio de Janeiro, no dia 12 de julho, vários militantes tiveram suas casas invadidas pela polícia ainda de madrugada. Policiais civis, todos vestidos de preto, cumpriram inúmeros mandados de prisão, busca e apreensão nas casas dos ativistas. Computadores, celulares e demais mídia foram apreendidas pelos agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, a nova polícia política de Dilma e Pezão. Os ativistas foram qualificados no crime de formação de quadrilha armada e, no dia seguinte, foram transferidos para as masmorras do Complexo Penitenciário de Gericinó.
Com 26 ativistas trancafiados em Bangu, o Estado reacionário pensou que calaria a voz das ruas no dia da final da Copa do Mundo. Os inimigos do povo não poderiam estar mais enganados. No dia seguinte, mais de duas mil pessoas tomaram as ruas da Tijuca, zona norte do Rio, para protestar contra a farra da FIFA e a criminalização dos movimentos sociais. Foi a maior mobilização no Rio de Janeiro desde o início do megaevento.
A primeira manifestação começou logo cedo, às 10h da manhã. Manifestantes deixaram a Praça Afonso Pena e seguiram em direção à outra praça, a Saens Pena, ambas nos arredores do Maracanã. // Enquanto isso, Argentina e Alemanha preparavam-se para disputar a final da Copa, após a vergonhosa eliminação do Brasil, amargando um saldo negativo de dez gols em dois jogos. Mas a pior derrota para o Brasil ainda estava por vir.
Ao chegar a Saens Pena, manifestantes se juntaram a um grupo de moradores de favelas e várias organizações da juventude combatente. No local, começava a concentração do ato unificado entre as bandeiras "FIFA Go Home!", da Frente Independente e Popular, e "A festa nos estádios não vale as lágrimas nas favelas". Não demorou muito para que manifestantes deixassem a praça em direção ao Maracanã entoando palavras de ordem contra a FIFA e o Estado reacionário. Em questão de minutos, mais de dois mil policiais bloquearam todas as ruas de acesso à Saens Pena, deixando manifestantes cercados por todos os lados. Pacificamente, as pessoas tentaram convencer policiais a abrir caminho e foram respondidas com bombas de gás e efeito moral.
Nenhuma pedra foi atirada de volta. Mesmo assim, os "robocops" da polícia militar fizeram o serviço sujo de sempre e iniciaram um verdadeiro massacre no miolo do cerco policial. Lembrando cenas dos protestos do início do regime militar fascista, em 1964, cavaleiros da PM avançaram sobre a massa atacando quem estivesse pela frente. Mulheres, idosos, jornalistas, advogados, socorristas, fotógrafos, ativistas, ninguém foi poupado. O cineasta canadense Jason Ohara foi covardemente atirado ao chão e espancado por policiais. Um dos agentes ainda roubou a microcâmera de Jay que estava presa ao capacete. O fotógrafo Alexandre Firmino flagrou o momento em que um PM atacou uma manifestante com golpes de cassetete.
A ação durou cerca de duas horas e deixou 36 pessoas feridas. Seis ativistas foram presos, um fotógrafo teve o pulso quebrado, um cinegrafista teve a perna suturada e seis profissionais voltaram para casa com o equipamento destruído ou danificado. Sem exceção, todos foram vítimas da polícia. Muito assustadas, as pessoas correram para dentro da estação de metrô da Saens Pena, onde PMs seguiram promovendo cenas de violência gratuita contra as massas. Não houve qualquer reação violenta de manifestantes, o que não conteve o sadismo da polícia política de Dilma, Pezão e Cabral. Mesmo depois que já não havia mais nada na praça Saens Pena, o cerco permaneceu e cerca de mil pessoas foram mantidas durante duas horas em cárcere privado pela PM. Questionados, os comandantes da operação disseram que seguiam ordens do Palácio Guanabara e que nem moradores e trabalhadores da região poderiam passar.
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