BENWAY*
Todos os bancos foram removidos da cidade,
Todas as fontes das praças fechadas,
Todas as flores e árvores destruídas.
Enormes cigarras elétricas no teto de todos os edifícios
(todos moravam em apartamentos)
Tocavam a cada quarto de hora.
Frequentemente as vibrações arrancavam as pessoas da cama.
Holofotes brincavam sobre a cidade a noite inteira
(a ninguém era permitido ter persianas, cortinas ou postigos).
Ninguém jamais olhava para ninguém por causa de uma rigorosa lei contra o importúnio,
Com ou sem o uso da palavra,
A qualquer um por qualquer motivo, sexual ou não.
Todos os cafés e bares foram fechados.
Só com uma permissão especial podia-se comprar bebida,
e a que fosse comprada desta forma não podia ser vendida dada ou transferida
por qualquer meio para qualquer outra pessoa,
e a presença de outra pessoa no seu quarto era considerada evidência prima facie
de conspiração com o objetivo de transferência de bebida.
Ninguém tinha o direito de trancar sua porta
e a polícia tinha chaves falsas para todas as portas da cidade.
Acompanhados de um mentalista,
Rapidamente invadiam os aposentos de qualquer um e começavam a “procurar o negócio”.
O mentalista guiava-os a qualquer coisa que o sujeito desejasse esconder:
Um tubo de vaselina, um enema, um lenço esporrado, uma arma ou bebidas sem licença.
E sempre submetiam o sujeito às mais humilhantes buscas em seu próprio corpo nu,
Dizendo piadinhas e comentários depreciativos.
Muitos homossexuais latentes foram carregados em camisa-de-força depois de passarem vaselina no cu.
Ou os investigadores vasculhavam qualquer objeto.
Um pano de limpar penas de escrever ou um porta-sapatos.
*texto extraído do livro Almoço Nu, de Willians S. Burroughts
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