.Neste fim de semana resolvi alugar algum filme em DVD. Passei na locadora e acabei alugando dois filmes que queria ver algum tempo. Só então me dei conta de que estava levando para casa, embora dois filmes, mas que versavam sobre o mesmo tema: biografias.
O primeiro era o filme Somos tão jovens do diretor Antônio Carlos Fontoura, mas que aqui me reservo o direito de não falar sobre pelo simples fato de não ter me causado maiores impressões (veja a crítica de outros sites no final desse texto). Que tratava da trajetória da banda Legião Urbana e as demais bandas de Brasília que migraram para o Rio de janeiro na década de 1980 para fazer sucesso e que tem seu foco na “genialidade” de seu frontman; Renato Russo(interpretado por Thiago Mendonça de Dois Filhos de Francisco). Deixo claro aqui que o filme de Antônio Carlos tem um mérito: o de ser honesto quando retrata a real situação social dos personagens rendendo inclusive, cenas hilárias.
Já o segundo, Sete dias com Marilyn (My Week with Marilyn do diretor Simon Curtis), este sim me causou impressão. Confesso que ao ir para a segunda sessão, estava eu já desanimado com a experiência que havia passado com o Somos tão Jovens... Mas Sete dias... Foi mais profundo. Talvez não ter me atraído tanto por Somos tão Jovens seria pelo fato de ter passado por inúmeras biografias de bandas de rock, desde The Doors e a formula parecer ser a mesma. É claro que devo aqui levar em conta que a essência destes filmes é sempre a mesma: a de captar o espirito de uma época (espirito este que também pude viver em minha juventude.) e de uma geração com extremo excesso de rebeldia e que às vezes fica-se difícil saber o que é verossímil e o que é romantismo.
E por não viver mais esta juventude é que a figura Marilyn Monroe me atraiu mais. Porque sua figura, até então retratada apenas por fragmentos de tabloides e imagens até os nossos dias não é suficiente e que sua tragédia se assemelha demais com tantas outras celebridades tão recentes a exemplo de Maicon Jackson. E isso só foi possível com grandes interpretações como da personagem título (a atriz Michelle Williams que nos apresenta uma memorável Marilyn, insegura, frágil diante de uma verdadeira crise de identidade diante do mito que ela representa), seu par Colin Clark (Eddie Redmayne) e do ator britânico Laurence Olivier (Kenneth Branagh).
Marilyn, como toda celebridade, paga caro por ter sua vida especulada e monitorada todo o tempo. Paga duplamente por ser mulher de um tempo em que o feminismo ainda não está resolvido com a sociedade recatada norte-americana e ainda mais em choque com o conservadorismo britânico. Símbolo do liberalismo sexual que se confunde com o sex simbol. Marilyn é prisioneira do imaginário feminino como símbolo de liberdade na mesma medida que é símbolo fetichista dos homens. Causando admiração destes (e inveja e ciúmes das companheiras destes também). Tal imagem reforça sua condição celebre fazendo assim com que uma barreira quase intransponível a separa do mundo real. Mundo este que o jovem Colin Clark transpõe (o filme é baseado no livro autobiográfico de Colin, publicado nos últimos anos de sua vida). Uma espécie de terceiro ajudante de diretor que nada mais é que um “mensageiro-servidor-de-chá”, capacho da hierarquia cinematográfica. Produtora britânica em que Marilyn rodará o filme O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl, 1957) e na qual ela se afeiçoa pelo ingênuo rapaz. Seu antagonista Laurence Olivier é um ator e diretor e produtor do projeto. Sente admiração pelo mito de Marilyn na mesma medida que odeia as crises emocionais dela. Sonha ser uma celebridade tal qual como ela ainda em sua tardia trajetória o que causa aqui um jogo interessante quando vemos em Marylin, um produto de Hollywood, muito mais celebridade do que atriz, força motriz de suas crises emocionais. Mas o interessante aqui neste jogo é que vemos uma grande cumplicidade entre as personagens.
O filme é bonito em sua essência. Não há cenas e sexo entre Marylin e Colin Clark. O que deixa em suspenso se realmente aconteceu. O relacionamento de ambos contraria qualquer expectativa machista. Colin parece penetrar na persona de Marilyn (esta ultima nem sabe mais quem é). Poucas vezes um filme retrata um mito descendo de seu pedestal e de fato ter uma interação humana com um mero mortal. Um “invisível” Colin (e põe invisível nisso!) dispenso aqui comentários sobre a trilha (razoável!) e demais partes técnicas!
Sobre Somos tão Jovens:
outras criticas sobre , Sete dias com Marilyn:
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