quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Livro On line de JC Anjos, “Sepultado Vivo no Rio de Janeiro”, está disponível para download.



JC Anjos deixa disponível nesta página seu livro link para download e de quebra um bate-papo sobre seu trabalho que foi finalizado há quase sete anos e somente agora vem à tona. Descubra o real motivo logo abaixo.


Favo de Fel:  Seria interessante começarmos com você falando sobre o livro.

JC Anjos: sim. Inicialmente eu gostaria de apontar por um fato interessante: Este livro foi finalizado, ou diria fechado em 2006, em uma época em que eu havia lido durante todo o meu processo de composição do livro, Charles Bukowski. Assumidamente sofri uma influencia direta dele. É na verdade uma de minhas grandes formações literárias. Eu me identifiquei tanto a ponto de ler todos os seus livros. Na verdade eu o leio desde adolescência, mas naquele momento ele me influenciou bastante e agora faz parte de minha formação como ser.

Favo de Fel: somente ele?

JC Anjos: É impossível alguém se inspirar em apenas uma coisa. É porque somos uma soma de inúmeras coisas. No meu caso, sou um monstro de Frankestein com partes de Machado de Assis,Franz Kafka e um monte de outros escritores da literatura universal. Li quase toda a geração beat. Como poesia me foi importante, mas como prosa, certamente foi Bukowski . 

Favo de Fel: Mas até agora você não falou muita coisa sobre seu livro.

JC Anjos: Foi mal. (rsrsrsr), é que me empolgo com facilidade. Mas de fato isso é importante para chegar ao meu livro. Somente agora consegui publicá-lo on line porque me foi difícil retomá-lo antes devido a uma série de coisas.

FV: O que, por exemplo? E porque publicá-lo somente on line?

JCA: trabalhos formais por exemplo. Eles tomam muito meu tempo. Kkkkk. Acho que isso responde as duas perguntas, mas acrescento aqui a falta de investimento embora nos dias de hoje sejam barato publicar um livro de forma independente. Mas estou trabalhando nisso com R. Castro (nota: da Favo de Fel) para publicarmos um outro livro neste ano.

FV: Mas por que não publicar este?

JCA: Este livro já foi. Não posso ficar só nisso. Há tantas coisas que eu ainda planejo trabalhar...

FV: Sim.

JCA: Mas nada é por acaso, apesar de certos acasos. Tive que me afastar do livro. Eu sentia que ele não mais fazia parte de mim. Fiquei deprimido e o larguei.

FV: Exorcizou?

JCA: Hoje em dia não mais acredito nesta palavra. A gente não exorciza nada. Apenas exterioriza. Mas no meu caso, eu já não sentia mais nada. Eu o havia expelido porque havia transcendido as minhas referencias embora elas estejam em minha formação como pessoa. E foi preciso passar todos esses anos para ver que aqueles personagens já não me pertenciam. Eles estavam no mundo. O mundo pertencia a eles.

FV: nenhuma identificação?

JCA: sim. Como um espelho, mas não parte de mim. Me tornei publico dos meus personagens. E é isso que eu amo neles. Eles são restos da polis. A urbe como excluída dessa polis é que é sua verdadeira mãe. Uma mãe prostituida e eles são os filhos bastardos de vários pais vindos da polis conservadora. Eles são orgiásticos, mas não podem praticar isso. Então eles transgridem naquilo que costumamos sublimar... é como a velha letra de umrapper carioca: “o mundo é conservador pagando de vanguarda.” Eles não são simplesmente copias de Bukowski. A diferença de Bukowski para a geração beat é que ele não conseguia cruzar o pais como os beat. Ele era filho da urbanidade. Um fudido como eu. Como toda a classe operária de qualquer nação neoliberal ou não. Como meus personagens. Kkkkkk.

FV: então qual é a diferença do velho Charles?

JCA: a começar, eles são brasileiros. Kkkkkk. Filhos de imigrantes nordestinos. Aprisionados economicamente, logo, geograficamente na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro, E seus desejos mais secretos estão expostos quando estes perdem o controle de seus próprios desejos através de seus atos. Coisa que meu mestre Bukowski não compartilhou com seu publico.

FV: mas isso não é um paradoxo. A literatura não é meio que de fato expõe o que temos de mais intimo...

JCA: não e sim. A arte em termos gerais expõe ao mesmo tempo em que esconde. Os meus personagens deixam “vazar” isso em suas atitudes. Eles não falam somente.

FV: falando nisso, percebo que você não é muito dado a descrever o ambiente e as características físicas das personagens, né?

JCA: Sim. Talvez seja porque quando escrevo penso cinema e quadrinhos. Além do mais, sempre achei enfadonho ler páginas e mais páginas de detalhes.  Machado de Assis que me desculpe. Mas no mundo em que a velocidade nos obriga a ser sucintos e em alguns casos acabamos nos tornando sintéticos. De qualquer forma isso já não cabe mais. Já imaginou eu escrevendo páginas e mais páginas detalhando a cor dos olhos de alguma personagem minha? Eu sou daltônico. Kkkkkk. Não dá. Isso não tem nada a ver com poética.  A poesia cabe onde você souber usá-la e sentir que ela cabe. No meu caso, gosto de trabalhar a psique dos meus personagens. A espacialidade é apenas um complemento na cena. Apenas quando sinto a necessidade de pintar um belo quadro. Não desperdiço imagens para não chatear o leitor que hoje vive a dinâmica da internet.

FV: Alguma mensagem, dica, considerações antes de encerrarmos?

JCA: Sim. Considerando que esta entrevista seja um resumo ou introdução ao livro, digo que  resumos e sinopses apenas existem para enumerar as ações de um trabalho mas nunca seu espírito, portanto, leiam o livro.


click na figura acima para fazer o download.

domingo, 20 de janeiro de 2013


Que coisa curiosa a vida: me transformei em uma mensagem eletrônica em sua vida.
As coisas mudam. Mas nem tanto. Ainda usamos relógios de bolso e nem percebemos.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A TERCEIRA CARTA DE UM SUICIDA QUE NÃO SOBREVIVEU AOS OUTROS ATOS.



Já não me recordo de quantos suicídios eu cometi na vida, portanto, este título não é tão exato como vem sendo minha vida neste momento.

 Mas não sou o único...

Me lembro apenas que o meu primeiro suicídio foi com arma de fogo. Uma bala na cabeça. O segundo foram três tiros, também por arma de fogo, aplicados pelas mãos de terceiros e a cabeça atingida foi o meu cordeiro. Sangue do meu sangue.
 já o terceiro foi com uma corda no pescoço, me despedindo da vida adolescente com suas doces ilusões. Possibilidades infinitas de felicidades prósperas. 

Mas a corda que estava em meu pescoço foi meu ultimo resquício de romantismo. Porque a felicidade que tanto acreditava nunca seria alcançada. Porque ela  nunca foi tangível. Não para mim, nem para ninguém. Esta é uma das grandes ilusões de nossas sublimações: Acreditar em algo em troca de uma falsa continuidade.

É claro que estes suicídios me valeram longas estadias no limbo. Onde flanei pela existência, observando o prazer e a alegria envolta nestes pequenos simulacros de felicidades: O momento. E que me obrigava a ver o quanto eu queria mais. E esta vontade estava no espírito e nos corpos alheios...

Confesso que este suicídio é mais maduro. Porque agora vejo que de nada valeram os anteriores. Nada irá suprir meus desejos e suprimir minhas angustias. Afinal, vocês me tiraram Deus.

Durante muito tempo cresci obediente ao Deus do velho testamento que com sua mão pesada me conduziu a uma dócil vida adulta . E depois disso me veio o Deus do novo testamento com as boas novas. E ele me prometera um céu platônico de redenção contanto que no ato de minha docilidade eu praticasse a mea culpa e afirmasse certezas que não eram minhas.

E agora que não tenho Deus o que farei?

Sei somente que me despi das amarras das falsas promessas para que eu mesmo pudesse criar meu própriologos já que o resto pertence à comunidade (meu ethos e meu pathos).

Solução não equacional: Não sinto mais a necessidade de buscar a eternidade. A partir disso me livro da constante e dolorosa tarefa de construir a permanência.

Texto composto ao som de : Dirty Three 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013