sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A TERCEIRA CARTA DE UM SUICIDA QUE NÃO SOBREVIVEU AOS OUTROS ATOS.



Já não me recordo de quantos suicídios eu cometi na vida, portanto, este título não é tão exato como vem sendo minha vida neste momento.

 Mas não sou o único...

Me lembro apenas que o meu primeiro suicídio foi com arma de fogo. Uma bala na cabeça. O segundo foram três tiros, também por arma de fogo, aplicados pelas mãos de terceiros e a cabeça atingida foi o meu cordeiro. Sangue do meu sangue.
 já o terceiro foi com uma corda no pescoço, me despedindo da vida adolescente com suas doces ilusões. Possibilidades infinitas de felicidades prósperas. 

Mas a corda que estava em meu pescoço foi meu ultimo resquício de romantismo. Porque a felicidade que tanto acreditava nunca seria alcançada. Porque ela  nunca foi tangível. Não para mim, nem para ninguém. Esta é uma das grandes ilusões de nossas sublimações: Acreditar em algo em troca de uma falsa continuidade.

É claro que estes suicídios me valeram longas estadias no limbo. Onde flanei pela existência, observando o prazer e a alegria envolta nestes pequenos simulacros de felicidades: O momento. E que me obrigava a ver o quanto eu queria mais. E esta vontade estava no espírito e nos corpos alheios...

Confesso que este suicídio é mais maduro. Porque agora vejo que de nada valeram os anteriores. Nada irá suprir meus desejos e suprimir minhas angustias. Afinal, vocês me tiraram Deus.

Durante muito tempo cresci obediente ao Deus do velho testamento que com sua mão pesada me conduziu a uma dócil vida adulta . E depois disso me veio o Deus do novo testamento com as boas novas. E ele me prometera um céu platônico de redenção contanto que no ato de minha docilidade eu praticasse a mea culpa e afirmasse certezas que não eram minhas.

E agora que não tenho Deus o que farei?

Sei somente que me despi das amarras das falsas promessas para que eu mesmo pudesse criar meu própriologos já que o resto pertence à comunidade (meu ethos e meu pathos).

Solução não equacional: Não sinto mais a necessidade de buscar a eternidade. A partir disso me livro da constante e dolorosa tarefa de construir a permanência.

Texto composto ao som de : Dirty Three 

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