terça-feira, 2 de outubro de 2012

A representação da banda Joy Division em minha vida até os dias de Hoje (e meus adoráveis suicidas).





Eu me lembro do primeiro momento em que ouvi e conheci Joy Division. Francamente eu havia rejeitado. Não estava preparado para aquilo. Eu era um moleque que só queria ouvir barulho. Associava isso a minha rebeldia como qualquer adolescente.
Mas confesso que sempre amei os suicidas. Achava que tal ato seria uma atitude nobre. Mais do que isso: poética. Verdadeira expressão da potencia. Quer tamanha força não conter-se mais e com isso aniquilar-se? Assim era o gênio do suicida pela minha concepção e foi por este prisma que comecei admirando Nirvana devido ao suicídio de Kurt Cobain.
É claro que hoje vejo tal ato não como o meio em si justificável, mas também não sou moralista de o condenar. Assim como Nietzsche, entendo que a força mais poderosa da vida é o “querer existir”. E é claro que este querer existir está para além da simples presença corpórea, mas que mesmo assim esta presença corpórea se faz presente como parte importante desta dimensão porque é ela que origina todas as coisas pelo fio combustor da vontade.


Então no caso a auto-aniquilação no meu ponto de vista parte mais da força emanada por Schopenhauer como natureza incontrolável, mas que pode encontrar sua solução no poder da existência em Nietzsche no que o próprio chamaria de vontade de potencia em continuidade a própria vontade e representação de Schopenhauer
Mas até chegar a este entendimento ao ato de Ian Curtis, eu sustentava minha afeição radical do suicídio ainda amando as bandas Nirvana, The Doors e Iggy Pop. Somente cheguei a minha derradeira paixão “divisiana” pelo viés de bandas como The Cure, Siouxie and the Banshees e livros como “O Estrangeiro” e “A Metamorfose” de Albert Camus e Franz Kafka respectivamente. 


Chegando ao segundo momento em que de fato assumi minha paixão pela banda Joy Division e toda a sua visceralidade, passei a cultuar ainda mais o ato suicida de Ian Curtis. Eu só não percebia naquela época que tal ato cometido Por estes meus heróis também anulavam outra coisa que tanto admiro nos dias de hoje, os sentidos que meu corpo, em harmonia com meu espírito poderiam produzir. E que de fato produziram e ainda produzem nos dias de hoje. Talvez eu devesse lamentar que tais ídolos (e que sempre continuarão sendo meus ídolos) não mais pudessem compactuar com as minhas idéias. Mas é claro que tal conclusão não procede. Como disse eu os entendo por diversas razões que defendo aqui. Eles não deixarão de representar a admiração que tenho por eles por mais esta concepção. Serão tão meus ídolos da mesma medida em que continuo admirando Morrissey, Robert Smith e tantos outros que ainda permanecem nesta existência.


Entendo hoje nos meus 36 anos de vida que não era o ato em si, como disse antes, do suicídio de Ian Curtis e companhia, Somado a todo o seu romantismo e estética que me julgo fã do Joy Division, mas também de sua visceralidade performática e poética. De que tal força auto-imolada estratificou-se a outras instancias do espírito porque simplesmente não conseguiu conter-se. Não podemos calcular tal ato porque não conseguiríamos por nós mesmos. Porque nosso papel existencial parte para outro viés. Ou seja, que esta força que nos habita desde o dia em que começamos a esboçar nossa própria existência, esta destina a convergir para outras formas do ser. O ser presente. O ser que precisa existir para se fazer entender. Em outras palavras. Ao invés de nos aniquilarmos e com isso negarmos nosso ser, estamos destinados a simplesmente lutar. Apenas isso: Lutar.

Talvez você até discorde de mim em simpatia ao meu primeiro principio. Mas até este momento estamos no mesmo caminho porque ainda estamos vivos, não estamos leitor?


  

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