terça-feira, 8 de junho de 2010

LAW TISSOT: o futuro é agora!


Law Tissot é uma lenda. Pai do Cyberpunk brasileiro, é o cruzamento de Willian Gibson (Neuromancer) com Sigue Sigue Sputinik! Sou fã dele desde sempre e agora é uma honra fazer um box com essa entidade. Law é de lei!
1) quais eram as revistas que você leu que te deram vontade de fazer o tal do quadrinho underground?
 
Law: Primeiro foram as revistas da Grafipar que publicavam os quadrinhos do Watson Portela... Em seguida conheci o quadrinho underground norte-americano, Robert Crumb principalmente. Também teve a Heavy Metal que foi a revista que afinal determinou tudo.
 
2) Você saia em algumas revistas na seção de fanzines. Foram bons os frutos, como da ocasião em que saiu uma resenha do mau na animal?
 
Law: Nos anos 1980 fazíamos fanzines porque existia uma cena, quer dizer, havia uma energia no ar. As publicações, desenhos e idéias circulavam, reproduziamos em xerox e distribuíamos – quase sempre – pelos correios. Aos poucos algumas revistas começaram a divulgar isso. A Animal foi a principal referencia... Era bom ver nossos zines resenhados pelo Fábio Zimbres no encarte Mau. Aquilo multiplicava os contatos e facilitava descobrir outros zineiros com idéias parecidas com as nossas.

3)Me lembro que havia uma proximidade com os trabalhos do Alberto Monteiro, Duque de Caxias RJ, com o Wever de Fortaleza Ceará, O yURI hERMUCH TALVEZ UM POUCO MENOS, QUE ERA DE bh. cOMO ERAm esses contatoos postais?
 
Law: Conheci o trabalho do Alberto Monteiro através de um amigo em comum, (acho que foi em 1988), depois fomos nos aproximando mais e trocando cartas, idéias, desenhos. E passamos a publicar em nossos fanzines. Aos poucos conheci mais companheiros com idéias gráficas e narrativas parecidas. Eram quadrinhos experimentais com forte influencia do rock e das tribos urbanas, muita poesia visual, colagens, citações... Acredito que nossa turma tinha mesmo uma identidade estética. Nossos contatos eram pelos correios, trocando cartas quase toda a semana. Ainda mantemos contato, pelo menos com o Alberto e o Weaver falo regularmente por MSN...
 
4)  O que voce aprecia na ficção cinetífica?
 
Law: Acredito que o gênero possibilita uma liberdade estética bastante atraente. Além disso os quadrinhos mais revolucionários que já li vieram da Heavy Metal (ou Metal Hurlant), como Moebius, Druillet, Bilal... Eu também gosto muito do filme Blade Runner, aquele ambiente urbano sombrio é a grande influencia do meu trabalho.
E depois, evidente, veio o gênero cyberpunk que foi a grande identidade da minha geração, ao misturar todos os ingredientes urbanos e tecnológicos com a pós-modernidade. A ficção-científica é muito ampla...

 

5) e OS CONTANTOS COM O PESSOAL DE pELOTASs, tinha o Dikos. Vocês fizeram algum zine Juntos?
 
Law: Pelotas é uma cidade vizinha de Rio Grande, apenas 60 km de distância, e eu fui morar lá no final dos anos 1980, para fazer Bacharelado em Desenho, na Universidade Federal de Pelotas. Já conhecia alguns caras do underground de lá, isso me aproximou do Dikos – que era um argentino que morava lá alguns anos – ele era bastante criativo e tinha excelentes referencias musicais e gráficas. Nós fizemos muitas coisas juntos, uma banda gótica - A Diskórdia, zines, quadrinhos, etc
 
 
6) E os  punks de Pelotas, vocês tinham contatos?
 
Law: Como disse, eu morei em Pelotas entre 1989 e 1993, nesse período estive envolvido em alguns aspectos da cena underground, contatos com shows, zines (e editores), festas, enfim... punks, góticos, poetas... Toda aquela galera que circulava pela cidade em busca de aventuras urbanas...
 
 
7) E em Porto Alegre?
 
Law: Me envolvi com a cena punk de Porto Alegre em 1984, 1985... eu não morava em Porto Alegre mas ia lá seguidamente, eu tinha 16, 17 anos nessa época e sabia que lá é que o underground tinha mais ação. Nessas aventuras convivi com os punks da primeira geração gaúcha, as primeiras bandas, shows e também participei de vários zines...
 
8) Como Foi a experiencia de tocar com a  CONTROL?
 
Law: A Control foi uma banda que teve diferentes formações – e experiências musicais –sempre em busca de uma performance cyberpunk. Em algum momento conseguimos alguns resultados multimídia bastante interessantes. A banda era como um fanzine na verdade, com muitas colagens sonoras, estéticas e tecnológicas. Mas assim como milhares de experiências musicais do underground brasileiro. Acabou antes que pudéssemos legitimar um trabalho mais elaborado.


9) E tocar com o Ufonautas?

Law: Os Ufonautas foi uma das melhores bandas que já toquei. Foi na primeira metade dos anos 1990. Uma época inesquecível, muitos novos amigos espalhados pelo underground do Brasil... Fitas demo, fanzines, shows e eventos underground. A banda propriamente dita realizava shows divertidíssimos... Estávamos todos muito inspirados.
 
10)  Algum arrependimento?
 
Law: Não. Decididamente nenhum arrependimento, muito pelo contrário. Com certeza faria tudo de novo, erros, experiências e acertos.

11) Quando foi que se sentiu um artista para querer viver de arte?
 
Law: Em algum momento percebi que já vinha trabalhando em torno da arte desde a minha adolescência. Então fui fazer um curso de Artes Visuais na Universidade Federal do Rio Grande para legitimar isso, definir uma profissão e entrar no mercado de trabalho com um diploma na mão.
 
12)Qual foi a última viagem que você fez?
 
Law: Estive em Fortaleza, participando da Mostra Artística da Teia Brasil 2010 – Tambores Digitais, uma oportunidade que permitiu conhecer pessoalmente amigos de longa data, como Weaver Lima e Lupin, e reencontrar outros, como o JJ Marreiro, todos eles são nomes importantes dos quadrinhos, zines e arte urbana do Brasil.
13) Qual o seu disco favorito?
 
Law: É difícil, eu tenho tantos discos de tantas bandas preferidas. Hoje mesmo acordei ao som do Sister Of Mercy... Pergunta difícil, não tenho mesmo “um” disco favorito.

 
 
 
14) O que é o Setor 8?
 
Law: O Setor 8 foi um coletivo que existiu nos últimos três anos e meio, começou de uma parceria com meu amigo – cyber-artista – Rafael Vianna, depois vieram a poeta Any Zero FRAN e o artista Lupin. Durante um tempo trabalhamos com muito entusiasmo e realizamos exposições, intervenções urbanas, performances, saraus, quadrinhos, vídeos... Mas como sempre, as tudo tem prazo de validade, e o Setor 8 encerrou suas atividades neste mês de maio. De qualquer maneira muito material do Setor 8 será republicado no blog da Fanzinoteca Mutação (www.fanzinotecamutacao.blogspot.com)
 

15) Como surgiu a ideía da fanzinenoteca?
 
Law: A Fanzinoteca sempre foi um sonho antigo, que foi possível ser viabilizada a partir de uma parceria com o Ponto de Cultura ArtEstação, aqui da cidade do Rio Grande, a partir do prêmio Interações Estéticas 2009 da Funarte.
 
 
16) E os seus vídeos? São lineares?
 
Law: Já trabalhei na TV da Universidade Federal do Rio Grande como cinegrafista, produtor e editor, nesta época pude realizar alguns clipes com as bandas e grupos de Rap de Rio Grande. Neste período realizei três curtametragens inspirados nos meus quadrinhos da Cidade Cyber. Talvez, ainda neste ano de 2010 possa experimentar outras coisas nesta linha. Mas não é nada certo. Minhas experiências com vídeo nunca foram uma prioridade de qualquer maneira.
 
 
 
17) Quais os projetos gráficos que você participou e mais te deram gosto?
 
Law: Todos os fanzines que fiz ou participei me agradaram bastante. A época em que morei em Pelotas foi a mais produtiva e mais rica certamente... Já no Areia Hostil que durou 15 edições, pude criar a série Cidade Cyber que é a legitimação do meu universo gráfico. Eu tenho desenhado regularmente desde os anos 1980, o primeiro zine que editei foi em 1984... Tenho um carinho por tudo o que desenhei, independente da qualidade gráfica ou das idéias de cada época.
 
 
18) O que é a revista Peiote?
 
Law: A Peiote é um excelente projeto gráfico mantido pelo Jaum, de Belo Horizonte. No momento trabalhamos na edição número 2, que deve ser lançada em julho ou agosto. A primeira edição agradou bastante, o Jaum é um grande cara, e tem predileções pelos mesmos quadrinhos que eu, isso deixa tudo mais atraente. Indico a revista para todos que são fãs de ficção-científica e quadrinhos brasileiros.
 
 
19) Alguma recado para os leitor@s Obrigado.
 
Law: Gostaria que conhecessem a Fanzinoteca Mutação (e façam doações para nosso acervo!), e me escrevam sempre que quiserem: tissot_law@yahoo.com.br
 

2 comentários:

  1. a entrevista com law foi muito boa! mas estes curtas dele são muito interessantes! e a estética cyberpunk é extremamente... bela!

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  2. Fala Zé Comédia !!!
    sumidão !!!
    blz, nem acredito que seu blog ta com esse visual limpo!!!
    aqui é o saulo dias, de vix, seu sumido !!!

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